sábado, agosto 16, 2008

Se um dia

tudo o que existe existisse ao contrário,

como num calendário imaginário sem dias nem meses nem anos

apenas momentos de uma demente lógica,

os relógios não dessem nem vendessem horas

alarves grades de dura prisão

seriam memória de um tempo sem coração.

Se os anjos fossem nossos vizinhos

e nós etéreos e transparentes entes apenas estrelas cadentes.

Os pássaros voassem dentro de água

funda e plana, emplumados e destros,

os peixes nadassem dentro do ar

limpo e aberto, esguios e cintilantes,

e nós não andassemos com os pés no chão

cinzento e sólido que nos prende

soltos aéreos e vivos andassemos no ar azul

não andando sim deslizando

como o vento entre as fragas

e as nuvens nos eternos dias.

Se os astros as cores e os sabores

com humanas palavras falassem,

os humanos com emoções respondessem

na língua do silêncio e do secreto saber.

Se lutar fosse amar,

morrer fosse renascer,

parar fosse recomeçar

e tudo o que existe existisse ao contrário.  

9 e 10 Dezembro 07

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