dirá um certo "admirador" mais do mesmo
a musica é ponte que une o céu e a terra
dançar é dar à luz com alegria
é chamar por quem está
para lá do horizonte
ou mais além que a nuvem
corridinha mansa da lagarta centopeia
brilho laranja emana no verde no ocre e no azul
focinho rosa do ouriço pontiagudo
vestido de frutos do bosque
ligeiro dobra a esquina do penedo
lavado pela primeira chuva
luz que vibra sem se ver
fio suspendendo seres leves
como asas de borboletas
em elástico equilíbrio
fruto maduro que rebola
na encosta redonda de veludo quente
contorna silvestre erva dourada
pedra cúbica negra
pisada, dançada e atirada
alarve vozeiral estala no ar
magma borbulhando vermelho dourado
no coração do santo bento nu
no altar de pau e pano
sulco na terra compasso de pé na roda
à roda do fogo azul
peixe rosa que persegue o pescador
e o ama
pirilampo pato bravo e batuque distante
ardente desejo de assimetria
estar no lado oposto lá não aqui
origem do original aborígene
zangado na cidade dura
rígida e asfixiada
formiga que no didjeridoo
sopra as notícias para outros mundos
mãos cor de terra tépida
massajam uma lua laranja
prenhe de sumo e dias adiados
anca feminina que dança
em torno do eixo divino
como colinas que contêm o desassossego
do lago que deseja o mar
eco metálico no túnel
reflexo no espelho
ondas de som que as ninfas irradiam
agitam no âmago pequenos seres
nados em águas translúcidas
sob o olhar do peixe sábio e silencioso
pai dos oceanos
timbre de cítaras clamam
eu sou mas não sabem quem são