segunda-feira, novembro 22, 2010

dirá um certo "admirador" mais do mesmo


a musica é ponte que une o céu e a terra
dançar é dar à luz com alegria
é chamar por quem está
para lá do horizonte
ou mais além que a nuvem

corridinha mansa da lagarta centopeia
brilho laranja emana no verde no ocre e no azul

focinho rosa do ouriço pontiagudo
vestido de frutos do bosque
ligeiro dobra a esquina do penedo
lavado pela primeira chuva

luz que vibra sem se ver
fio suspendendo seres leves
como asas de borboletas
em elástico equilíbrio

fruto maduro que rebola
na encosta redonda de veludo quente
contorna silvestre erva dourada

pedra cúbica negra
pisada, dançada e atirada
alarve vozeiral estala no ar

magma borbulhando vermelho dourado
no coração do santo bento nu
no altar de pau e pano

sulco na terra compasso de pé na roda
à roda do fogo azul

peixe rosa que persegue o pescador
e o ama

pirilampo pato bravo e batuque distante
ardente desejo de assimetria
estar no lado oposto lá não aqui

origem do original aborígene
zangado na cidade dura
rígida e asfixiada

formiga que no didjeridoo
sopra as notícias para outros mundos

mãos cor de terra tépida
massajam uma lua laranja
prenhe de sumo e dias adiados

anca feminina que dança
em torno do eixo divino
como colinas que contêm o desassossego
do lago que deseja o mar


eco metálico no túnel
reflexo no espelho

ondas de som que as ninfas irradiam
agitam no âmago pequenos seres
nados em águas translúcidas

sob o olhar do peixe sábio e silencioso
pai dos oceanos
timbre de cítaras clamam
eu sou mas não sabem quem são